Dentes quebrados podem levar ao câncer
Próteses mal-adaptadas, restaurações ou dentes quebrados e com pontas podem trazer muito mais do que um prejuízo estético ou sensação incômoda. Dependendo da predisposição do indivíduo e de outros fatores como fumo e consumo de álcool, podem causar lesões bucais graves que chegam a evoluir para câncer. “Na maioria das vezes, essas lesões não preocupam os pacientes. Mas é preciso estar atento e manter sempre uma boa higiene bucal como forma de prevenir o câncer de boca”, diz Alessandra Camargo Benevento, cirurgiã-dentista. Os profissionais de odontologia acabam sendo responsáveis pelo diagnóstico de grande parte dos casos de câncer bucal. Em geral, o paciente nem sabe da gravidade do problema e vai ao dentista apenas para uma consulta periódica. “É dessa forma que detectamos a presença da lesão que antes não era percebida,” diz a dentista.Érica Scadelai
Casos suspeitos de câncer são investigados. Parte da lesão é retirada ou raspada e esse material é encaminhado para exame em laboratório. Se a suspeita for confirmada, é preciso encaminhar o paciente para um serviço especializado. Geralmente, o tratamento é cirúrgico e a lesão precisa ser removida. Lesões de canal mal-tratado e próteses (dentaduras) antigas ou mal-adaptadas também podem ser um começo para o desenvolvimento do câncer. A boca não deve apresentar machucados. E os dentes precisam ser lisos, sem pontas sobrando. “Num procedimento natural, as células da boca são descamadas e substituídas a cada 24 horas. Já há uma atividade biológica muito intensa nessa região, portanto. Mas essa atividade pode se intensificar ainda mais quando o organismo detecta um trauma mecânico, gerado pela repetida passagem da língua em uma ponta de dente ou quando uma prótese raspa direto na mucosa”, explica o cirurgião-dentista Silvio Pardo, especialista em implante e periodontia.
“A ponta de um dente ou uma prótese colocada erradamente passam a raspar a mucosa bucal. Nesse movimento, removem células da boca, que precisarão ser repostas cada vez mais rápido. Se o problema perdura, o organismo tende a repor as células de maneira indiferenciada, criando as condições para o câncer”, explica. Além de ficar atento, a pessoa deve adotar outros hábitos. Procurar um bom dentista a cada seis meses funciona como método preventivo. O especialista alerta sobre cuidados com os dentes e é capaz de detectar algo anormal. Os cirurgiões-dentistas também recomendam o auto-exame bucal - observações feitas pela própria pessoa em frente ao espelho para notar o estado de bochechas, língua, céu da boca, gengivas, garganta. Se algo estranho for notado, é necessário entrar em contato com o dentista imediatamente. Parar de fumar também é um ato preventivo em relação ao câncer bucal. A nicotina do cigarro é um agressor químico das mucosas da boca. “A boca tem queratina, que aumenta em quantidade para defender a região do agressor (nicotina). Quando ocorre um aumento anormal dessa camada de queratina, o organismo perde o controle biológico e responde com a formação de lesões”, afirma Pardo. O mesmo pode ser dito com relação ao álcool.
Germes dentários Os germes dentários mal-formados também podem favorecer problemas futuros para a saúde bucal do paciente. Os germes são os dentes permanentes em fase de formação, característicos das crianças a partir de seis anos. São os futuros dentes, nem sempre visíveis. Quando mal-formados, podem contribuir para o desenvolvimento de uma lesão. Os pais devem tomar cuidado e mandar fazer, preventivamente, uma radiografia panorâmica nessa idade do filho. “Recebemos de duas a três crianças no consultório por mês com germes dentários mal-formados. Quando detectado e tratado no início, o problema não evolui.”
Fontes: - Alessandra Camargo Benevento - Cirurgiã-dentista - Fone: (17) 231-4543 - Silvio Pardo - Cirurgião-dentista - Fone: (17) 3214-9877
Auto-exame da boca:
>> Remover dentaduras ou pontes móveis >> Observar se há anormalidade na pele do rosto e pescoço >> Apalpar o pescoço >> Analisar os lábios internamente e externamente >> Examinar a gengiva e as bochechas >> Colocar a língua no palato (céu da boca) e olhar embaixo dela >> Colocar a língua para fora e olhar a garganta >> Segurar a língua com uma gaze e puxá-la para um lado. Depois, para o outro, examinando as laterais >> Observar os dentes que podem ter cárie
O que procurar
>> Feridas que permanecem na boca por mais de 15 dias >> Caroços (principalmente no pescoço e embaixo do queixo) >> Súbita mobilidade dental (o dente fica mole de uma hora para outra) >> Sangramento >> Mau hálito >> Endurecimento ou perda de mobilidade da língua. Caso note alguma anormalidade, procure imediatamente um profissional de odontologia >> O ideal é fazer o auto-exame a cada 15 dias. Isso não dispensa as visitas freqüentes ao dentista.
Fonte: Alessandra Camargo Benevento, cirurgiã-dentista
Os tumores na boca representam 5% das incidências O câncer bucal não é dos mais freqüentes - representa 5% do total da incidência de tumores em todo o mundo. As maiores taxas são encontradas na Austrália e Canadá, principalmente em pacientes do sexo masculino, tabagistas e consumidores de álcool. Mas, no Brasil, esse tipo de câncer assume importância em razão do câncer de lábio, favorecido pelo clima quente do País, com manifestações verificadas principalmente entre os trabalhadores rurais expostos de forma continuada ao sol. O câncer de lábio é detectado, em especial, em pessoas brancas. Nesse caso, os registros mais comuns são de câncer no lábio inferior. Em outras regiões da boca, o câncer acomete principalmente tabagistas e tabagistas alcoólatras.
O fumo, o consumo de álcool, a má higiene bucal e o uso de próteses dentárias mal-ajustadas são fatores importantes para a formação do câncer de boca. Como sintomas da doença, podem ser citadas feridas na boca que não cicatrizam em um prazo de uma semana. Ou ainda ulcerações superficiais com menos de dois centímetros de diâmetro e indolores, que podem ou não sangrar. Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal são outros sintomas característicos. Dificuldade de fala, mastigação e deglutição, emagrecimento acentuado e dor podem significar a presença de um câncer bucal em estágio avançado. Prevenção e tratamento. O auto-exame da boca é uma forma de prevenção. A dieta saudável, rica em vegetais e frutas, também entra na lista, além da boa higiene bucal.
O câncer de lábio é prevenido evitando-se a exposição ao sol sem fazer uso de proteção, como chapéu de aba longa. O mercado já dispõe também de filtro solar para a boca. Parar de fumar é outra medida necessária. Como formas de tratamento, são adotados a cirurgia, a radioterapia ou a quimioterapia. O paciente será tratado de acordo com o estágio da doença. Lesões iniciais, restritas ao local de origem, sem extensão a tecidos ou estruturas vizinhas tendem a ser submetidas à cirurgia ou radioterapia, dependendo da região lesada. Ambas - cirurgia e radioterapia - apresentam resultados semelhantes - cura em 80% dos casos. Nas demais lesões, se forem operáveis, a cirurgia pode ser associada ou não à radioterapia. Os casos avançados precisam de quimioterapia. O tumor, nesses casos, primeiro precisa ser reduzido para ser tratado com cirurgia ou radioterapia.
Fonte: www.inca.org.br
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